terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Faroeste Caboclo

País: Brasil
Gênero: Aventura/Adaptação
Ano: 2015
Duração: 105 minutos

23/02 (***) Bom
Aproveitei essa segunda à noite de sinal aberto dos Canais Tele Cine para assistir Faroeste Caboclo. Sim, aquela música que todos falavam ser uma das mais longas brasileiras. Sempre que a escutava bolava um pequeno filme em seus 9 minutos de música. Me perguntei, naquela época, por que ainda não havia um longa-metragem partindo dela.

Desta vez João não quer falar com o presidente, para ajudar "toda essa gente" que sofre. O longa não tem essa ambição, essa vocação midiática. Diferenciando-se de Somos Tão Jovens, em que Renato Russo sempre tem sua platéia, o João de Santo Cristo do filme não é visto pelas "câmeras de TV", nem pelo "povo a aplaudir".

O diretor estreante René Sampaio acerta nessa escolha de um roteiro menos extraordinário do que a letra indicava. João, um matuto da cidade de Santo Cristo que nos anos 1970 ruma à Brasília, buscando além do amor e a morte, um futuro diferente. É um herói solitário como os bons tipos condenados dos westerns, que não tem com quem falar sobre seu enfadado destino, e ao tornar mais íntima essa jornada, negando a audiência da "Via Crúcis que virou circo", o filme dá um toque mais triste a música.


Sampaio faz ótimas escolhas que potencializam a história de João, e filma o tão aguardado embate contra Jeremias (Felipe Abib) com aquela pegada dos faroestes das antigas, cortando do plano aberto direto para os close-ups. Para mim, o maior acerto é a escolha do bom baiano Fabricio Boliveira (que se perde na Globo, fazendo papéis secundários em novelas) para interpretar o protagonista. Como a canção não deixa claro a raiz étnica (diz que Santo Cristo sofria preconceito por sua cor), seria muito fácil, e até mercadológico, colocar um ator negro como herói, uma forma de atender a maioria dos brasileiros.

Faroeste Caboclo não é lá umas das melhores adaptações sobre qualquer tipo de texto, mas serve bem para nos lembrar de questões raciais que o Brasil - no eterno atropelo de querer que o nosso prometido Futuro chegue logo; atropelo do qual Brasília sempre foi símbolo - finge que não existem mais, sendo maquiado muitas vezes. Não é por acaso que o filme deixa de fazer referências à ditadura (nada de generais ou "bombas em bancas de jornal"): mais do que um Estado de Sítio, o Brasil do filme é o Brasil do hoje.

ruim(*) regular(**) bom(***) muito bom(****) excelente(*****)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

R.I.P.D. - Agentes do Além (Rest in Peace Department)

                                                    

País: EUA
Gênero: Aventura
Ano: 2013
Duração: 96 minutos

23/02 (**) Regular
O filme é uma adaptação de uma história em quadrinho de mesmo nome de Peter Lenkov, Lucas Marangon e Randy Emberlin, tem tudo pra dar certo. A história tem uma parceria bacana entre dois tiras, assombrações que viram monstros e tomadas mirabolantes de ação. Era uma receita certa para o sucesso.


Mesmo com todos esses predicados que precedem um filme estoura quarteirão, o longa do diretor Robert Schwentke (não conheço seu trabalho) e com atores carismáticos, Ryan Reynolds (Lanterna Verde) e Jeff Bridges (Bravura Indômita), ensina como jogar todo esse seu potencial citado por água abaixo. Não tem santo que ajude um roteiro que não respeita suas fontes de inspiração, mesmo com tantos efeitos especiais e um elenco até bonzinho.


No filme, o tira Nick (Reynolds) sofre uma covardia, a chamada cócó de seu parceiro (Kevin Bacon) e, no 'Céu', entra para O Departamento Descanse em Paz, uma polícia do "purgatório".E lá ele é apresentado a seu novo parceiro, Roy, um xerife de 1800 e lá vai bolinha (Bridges) que tem mais de 200 anos de corporação. A primeira missão dos dois encontra laços com a morte de Nick, o que dá o norte a aventura.


A dupla principal é boa. Reynolds, como todos sabem, é um ator com boas tiradas cômicas, cheio de filmes do gênero. Bridges é um ator polivalente e, devido a sua competência, consegue se encaixar em qualquer papel. Quando eles se juntam a Mary-Louise Parker, a supervisora do departamento, dá pra ver legal uma atriz sendo jogada fora, que atua de maneira interessante, mas na maior parte do filme participa de umas conversas sem sal.


Com boa parte do bambá (dinheiro) destinado aos atores, quase não sobra nada para a área dos efeitos. Ainda assim, há uma falta de criatividade por parte da galera do filme em suprir o pouco caixa, fazendo o mais tosco possível as criaturas do filme. A introdução mitológica sugerida é o carro-chefe para um filme como se propõe R.I.P.D., e a credibilidade das criaturas seria parte essencial disso. O mesmo vale para o vilão canalha e insosso de Kevin Bacon.


Minha maior percepção, e acho que será a sua também, ao assistir o filme, foi que o diretor quis fazer uma mistureba danada entre M.I.B. e Os Caça-Fantasmas. Apesar dessa semelhança entre os três filmes, ele tinha qualidades o bastante para serem usadas a seu favor e buscar um distanciamento seguido de sucesso. Mas como o diabo corre da cruz, esse filme correu do sucesso.

ruim(*) regular(**) bom(***) muito bom(****) excelente(*****)

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave)


País: EUA/Inglaterra
Gênero: Drama/Biografia
Ano: 2014
Duração: 133 minutos

22/02 (*****) Excelente
Li num site que a saída da apresentação de 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave), no Festival de Toronto, era como a volta de um enterro. Não se via ninguém resenhando sobre o filme, e se quer o povo olhavam um para o outro devido a tanta emoção e choro pelo filme.

O episódio acima já explicaria o peso que teve o trabalho do diretor (Steve McQueen) com o público. O filme baseia-se no livro homônimo e real de Solomon Northup, interpretado por Chiwetel Ejiofor que arregaça as mangas na interpretação. Solomon era um gentleman negro do norte dos EUA, não era escravo e de muitas qualidades, nos Estados Unidos de 1841, alguns anos antes da abolição oficial da escravatura. A história o segue em seu dia-a-dia com a sua família, até que caí num baratino de dois patifes, que lhe prometiam uma oferta de emprego irrecusável. Acaba tomando um "boa noite cinderela" e é aprisionado e levado ao sul escravagista, de uma forma criminosa. Daí vem o titulo do filme em que começam os 12 anos de labuta miseráveis do protagonista.

O elenco é de qualidade, incluindo Benedict Cumberbatch (da série Sherlock Holmes, entre outros trabalhos), Paul Giamatti e o galã Brad Pitt, mas como falei acima é Chiwetel Ejiofor que trabalha certo no filme. O tom incorporado por ele no filme é de aplaudir de pé. Pra quem assiste a interpretação dele, se comove todo o tempo, principalmente de suas cantorias nas plantações de algodão (indico assistir o filme legendado, caso não queira só coloque essa parte que valerá à pena). Só achei a participação Lupita Nyong'o (aquela da selfie no Oscar) pequena, mas pesar de pequena sua personagem, Patsey, é a que mais sofre na mão do fazendeiro insano interpretado por Michael Fassbender.

Finalizando, 12 Anos de Escravidão é um dos melhores dramas já realizados sobre algo que, quase 2 séculos depois, segue lamentavelmente tão atual, que podemos ver em grandes esferas da sociedade, não a escravidão em si, mas o racismo que ainda é frequente por mais que pareça maquiado.

ruim(*) regular(**) bom(***) muito bom(****) excelente(*****)

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Um Santo Vizinho (St. Vincent)


País: EUA
Gênero: Comédia
Ano: 2015
Duração: 102 minutos

20/02 (****) Muito bom
Na película, Bill Murray interpreta Vincent, um homem esculhambado, cachaceiro, safado e viciado na jogatina. Quebrado, seu dia a dia de excessos é abalado quando ele aceita virar babá, por dinheiro, do filho adotivo (Jaeden Lieberher) de sua nova vizinha (Melissa McCarthy).

Um Santo Vizinho é um daqueles filmes da Sessão da Tarde que você pára pra assistir. Filme fácil, que provavelmente já foi abordado outras vezes, de trocas novo/velho. É bem coordenado, muito mais pela vontade dos atores em atuar.

Murray saí daquele seu lenga-lenga de suas comédias, entregando uma atuação com esmero. Mas é o sacaninha Lieberher, muito bom, que bate na boca junto com o veaco Murray. McCarthy e Naomi Watts, interpretando um mulher de entretenimento adulto, mostram personagens que eu nunca tinha visto em outras atuações das mesmas.

Apesar de passar a sensação de já ter visto a história, a resenha do filme é massa e me surpreendeu de forma positiva. Se ele não inova em alguns pontos, pelo menos Um Santo Vizinho respeita a resenha em qual é proposto.

ruim(*) regular(**) bom(***) muito bom(****) excelente(*****)